A BURGUESIA MARXISTA
(Rodrigo Andrés de Souza Peñaloza, 26/22/2016)
Nada como a ironia dos clássicos. Hoje com a palavra: James Buchsnan e Gordon Tullock:
Any conception of State activity that divides the social group into the ruling class and the oppressed class, and that regards the political process as simply a means through which this class dominance is established and then preserved, must be rejected as irrelevant for the discussion which follows, quite independently of the question as to whether or not such conceptions may or may not have been useful for other purposes at other times and places. This conclusion holds whether the ruling class is supposed to consist of the Marxist owners of productive factors, the party aristocracy, or the like-minded majority. - Buchanan & Tullock, “The Calculus of Consent”, ch. 2.
Uma dos refinamentos intelectuais mais marcantes que eu admiro é a ironia. Já escrevi sobre isso quanto a Hayek e agora vejo que Buchanan e Tullock não ficam atrás. Nesse excerto de The Calculus of Consent, depois de defender o individualismo metodológico para a teoria da escolha coletiva, explicam a sua rejeição a duas outras abordagens, uma delas a marxista: a ideia de que, no processo de decisão coletiva, uma classe dominante oprime a outra.
Eles argumentam que a abordagem marxista é irrelevante para a discussão que se segue: a democracia constitucional. É uma paulada para quem acha que Democracia é compatível com marxismo. Quanto à questão dos fundamentos das decisões coletivas em uma democracia constitucional, o marxismo é uma contradictio in terminis.
Em seguida dizem que essa conclusão vale qualquer que seja a classe dominante e como exemplo de classe dominante incluem os próprios marxistas detentores de fatores de produção. Isso equivale a dizer que o marxismo, no que concerne à doutrina da luta de classes, apenas substitui o que ele chama de classe dominante de opressores por uma classe dominante de marxistas opressores.
A ironia está no escopo que o comentário deixa, com apenas um adjetivo aparentemente inocente e en passant, para a teoria de exploração: absolutamente nenhum, a não ser dentro do próprio marxismo, mas aí não é mais democracia constitucional.