FRUTOS PODRES

Rodrigo Peñaloza
2 min readNov 25, 2023

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Preocupado com sua árvore genealógica, o falecido Hugo Chávez, o pai do “socialismo moreno”, plantou seus parentes em cargos influentes pelo país e com isso semeou poder para a família. Ciente de que a idolatria à pessoa do líder é prenúncio dos regimes ditatoriais (algo que vejo com muita apreensão quanto às figuras de Lula - sempre inocente aos olhos de seus adoradores - e Dilma - chamada por aí de “rainha”, de “mãe” e outras potenciais peças para futuros estudos sociológicos de histeria coletiva), o sucessor escolhido, Nicolás Maduro, fez sua campanha se apropriando do sobrenome Chávez, dizendo, em suas aparições: “Yo no soy Chávez, pero soy su hijo”. Conveniente estratégia para suas ambições.

A família Chávez, à época de olho na perpetuação de sua posição de poder e dada a grande probabilidade de Maduro ser eleito, obviamente o acolheu com carinho. Maduro, claro, agradeceu ser tido como mais um membro daquela “sagrada família” (palavras dele!). A sagrada família continua lá, em seus cargos públicos, onde Chávez plantou.

Chávez foi a negação de Simón Bolívar, que, tendo defendido a integração latina e a independência em relação às metrópoles, era, por juramento, um liberal convicto, defensor da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade como princípios inalienáveis sob o manto da Democracia e do mercado e para quem, se vivo estivesse entre nós, Chávez seria certamente um Jubelus. Chávez, como todo bom político hipócrita, tratou de espalhar seu gene pela esfera pública, plantando verde pra colher Maduro.

Depois de uns poucos anos, a Venezuela socialista reduzida, como inevitável era, a sinônimo de pobreza, Chávez e Maduro já estão nos anais da História como aquilo que sempre foram: frutos podres.

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Rodrigo Peñaloza
Rodrigo Peñaloza

Written by Rodrigo Peñaloza

PhD in Economics from UCLA, MSc in Mathematics from IMPA, Professor of Economics at the University of Brasilia.

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