Homo aequalis
Nas minhas viagens pelo mundo, notei três coisas comuns a todos os seres humanos com quem interagi: são todos muito parecidos nos seus medos e anseios; são muito similares nos seus afetos, se não na expressão, pelo menos na convicção dos sentimentos; por fim, são semelhantes em suas capacidades intelectuais.
É preciso uma certa reflexão para abstrair das diferenças culturais e chegar a esse julgamento. A forma como as mãos suam e se contorcem em momentos de ansiedade é a mesma. Também é a mesma a ausência de conhecimentos gerais profundos. A alegria sentida em uma roda de cerveja é a mesma, todos falam e fazem as mesmas bobagens depois de uns copos. Posso garantir que todos vomitam igual e se arrependem igual. Todos criam vínculos em função da convivência prolongada, ou seja, a necessidade de amigos é a mesma. O egoísmo é o mesmo, como aquela vaidade silenciosa quando do elogio público ou aquela frustração pelo não reconhecimento público do esforço. A inveja nem se fala...
Em suma, as mesmas infantilidades emocionais. Certos vícios e certas virtudes são nacionais, mas não é dessas que falo. As manifestações idiossincráticas da estética são fascinantes. É fascinante contemplar a beleza típica de cada povo, como as danças e o vestuário, mas não é disso que falo. Não falo dessas expressões visíveis da alma, falo das essenciais, das imperceptíveis e que só se notam com um olhar atento sobre os olhos, as mãos, os movimentos do corpo e ouvidos atentos aos modos de falar.
O ser humano é essencialmente igual.