Não seja um vegetal
Não seja um vegetal: não diga que nunca se pode usar um argumento ad hominem para o bem do debate.
O argumento ad hominem também é usado para o bem, ao contrário do que muitos pensam, principalmente aqueles que se limitam à internet ou a umas traduções populares de Schopenhauer. Ele é usado, por exemplo, contra os que atacam o Princípio de Não-Contradição: algo não pode ser e não ser ao mesmo tempo e no mesmo sentido.
Esse é o primeiro juízo sobre a realidade que a inteligência profere e está suposto em todas as proposições. Por ser um princípio, ele não precisa ser demonstrado e nem é possível demonstrá-lo. Só carece de demonstração aquele juízo que não é evidente de modo imediato. Tampouco é um axioma, pois nem todo axioma é um princípio. O princípio antecede lógica e metafisicamente o axioma. A única coisa que se pode fazer é mostrar a incoerência daqueles que negam o Princípio de Não-Contradição, razão por que se usa o argumento ad hominem, neste caso, para o bem e para o bom debate.
Como diz Aristóteles, quem nega o Princípio de Não-Contradição “se comporta como um vegetal”, pois até mesmo os animais se movem para alcançar um fim.
Não seja, portanto, um vegetal como os que negam princípios: use o argumento ad hominem quando o oponente é daqueles que não entendem a diferença entre proposição e princípio.