ORIGENS GRECO-LATINAS DO EXAME DE CONSCIÊNCIA
(Rodrigo Peñaloza, 06-I-2020)
Neste texto apresento as origens greco-latinas da prática do exame de consciência. O Cristianismo herdou a ideia do exame de consciência do apóstolo Paulo e de Sêneca. Isso vale tanto para o Catolicismo, no início da era cristã, como para o Espiritismo, quase dois mil anos depois. A ideia, porém, foi tomada emprestada aos pitagóricos.
O termo grego para consciência teve vida abundante mesmo antes do período clássico. Era termo comum da linguagem popular e já aparece em Homero. O que é tardio, porém, é o seu significado como auto-avaliação moral. É o que mostra Hans-Josef Klauck em sua obra O Entorno Religioso do Cristianismo Primitivo, vol. 2, cap. V, na qual grandemente me baseei e cuja leitura recomendo, indo, porém, um pouco mais fundo às fontes greco-latinas, com minhas próprias traduções, e introduzindo a conexão com Kardec.
Sêneca usou o termo para denotar o preceito pitagórico, que ele seguia, da avaliação diária das ações. É bem possível que Sêneca tenha simplesmente posto em papiro uma aplicação do termo que já era parte da linguagem comum recente. Paulo, por sua vez, introduziu um elemento diferente e também de profunda relevância moral e ética: a conscientização dos próprios erros para submissão voluntária da pessoa ao julgamento divino.
Ao apresentar esse tema do exame de consciência como algo inerente à nossa herança greco-latina, pretendo deixar claro que nossa cultura é, de fato, essencialmente greco-latino-judaico-cristã, numa extensão e profundeza tão grandes, tão maiores do que as pessoas conseguem compreender, que não temo dizer que o abandono dessa tradição é o que nos tem condenado a um paulatino suicídio cultural. E para colocar o que em seu lugar? A barbárie do relativismo cultural!
Em Grego, σύνοιδα (σύν+οιδα) significa “eu sei com”, “eu sou consabedor”. Do verbo deriva o substantivo neutro τò συνειδός (pronuncie syneidós, com o y soando como o u francês ou o ü alemão) e o feminino ἡ συνείδησις (pronuncie synéidesis, com o último “e” mais longo que o primeiro). Em Latim, o substantivo correspondente é conscientia (co+n fonético+scientia), isto é, consciência, um termo que se desenvolveu independentemente de συνειδός.
Platão, em Apologia (finalzinho de 22ξ, início de 22δ), narra as palavras de Sócrates:
que literalmente assim se traduz “pois para mim mesmo consciente de ser ciente de nada ser conhecedor”, mas que pode ser reescrito como “pois eu sendo consciente de nada saber…” ou ainda “pois, sabendo que nada sei…”. A oração socrática acima é introduzida pela conjunção γάρ (pois…). Tirando a conjunção, o que sobra é uma oração definida por uma locução verbal formada pelos verbos “consaber conhecer”. Se denotarmos esse verbo pelo signo X-er e dizendo que a primeira pessoa do singular do presento do indicativo é “eu X-o”, então o que Sócrates diz é “Eu X-o nada”. Tanto συνῄδη como ἐπισταμένῳ são particípios presentes. Em Português seriam algo como “sendo consciente” e “sendo cognoscente”. Ambos particípios estão no dativo, só que o primeiro particípio é um dativo de interesse, passando a ideia de que expressa uma visão de quem fala, já o segundo é um dativo que passa a ideia de reflexividade imposta pelo verbo: o de que você tem consciência é algo que diz respeito a você mesmo. Isso transcende, portanto, a interpretação restrita do dativo como mero objeto indireto. A ideia da locução verbal é perfeita para significar o saber reflexivo, aquela que, na minha opinião, é uma das maiores contribuições de Sócrates para a formação da Civilização Ocidental. É o saber que se sabe. Somente no século XX, com a Lógica Epistêmica, é que fomos capazes de vislumbrar o alcance epistêmico dessa contribuição. Para meus colegas economistas, saibam que sem isso não existiria o conceito de equilíbrio de Nash, que é basicamente uma convergência de introspecções epistêmicas sobre o jogo e sobre as regras do jogo.
Os dois autores em língua Grega que mais utilizaram o termo συνειδός (ou o sinônimo συνείδησις) foram Fílon de Alexandria e o apóstolo Paulo. Em 2 Coríntios 4.2, Paulo escreve: “mas, pela proclamação da verdade, nós nos recomendamos a toda consciência dos homens diante de Deus”:
Na Vulgata, o termo latino é justamente conscientia:
Em 1 Coríntios 4.4, Paulo escreve: “por um lado, para mim, não sou cônscio de nada, mas quanto a isso não me justifico; por outro lado, porém, o Senhor é quem me julga”:
A expressão ἀνακρίνων με, que traduzi por “que me julga” está, na verdade, no particípio presente, denotando a ação continuada atual. Na Vulgata, nihil enim mihi conscius sum sed non in hoc iustificatus sum qui autem iudicat me Dominus est. Tanto em Latim como nas versões em Português (como a versão Almeida), a tradução foge para a terceira pessoa do verbo, o que pode passar a ideia errada de ação pontual que se realiza. Ora, o particípio grego informa que essa ação de julgar é constante, ou seja, o Senhor está julgando constantemente.
Entre os latinos, os que mais usaram o termo conscientia foram Cícero e Sêneca. Por isso, vê-se algo nesses dois autores que é totalmente estranho ao estoicismo que abertamente professavam, pois Epicteto, a fonte primária do estoicismo, só empregou essa palavra uma única vez. Epicteto, conforme se encontra nos Discursos Arrianos de Epicteto, livro 3 (sobre o cinismo), 94, fala dos hábitos que os cínicos (adeptos do Cinismo, os seguidores de Epicteto) devem ter, dentre os quais há o da repreensão dos vícios. Enquanto para reis e tiranos existe o poder dos guardas e das armas para repreender os que agem mal, ainda que os próprios reis e tiranos ajam, eles mesmos, impunemente mal, “para o estoico, em vez das armas e dos guardas, é a consciência que [lhe] transmite esse poder”:
δορύφορος é o guarda-costas armado de lança, mas por falta de equivalente, traduzi apenas por guarda.
Cícero e Sêneca certamente tomaram o termo para se referirem aos pitagóricos, que tinham, entre seus hábitos, o de fazer o exame diário da consciência. Nos Versos Áureos, vv. 40–41, de Pitágoras, encontramos: “Não aceitar o sono sobre os olhos frouxos antes de avaliar três vezes cada uma das ações diárias”:
Essa influência pitagórica sobre Sêneca se ostenta, por exemplo, em Epistulae ad Lucilium 28.10, carta a Lucílio na qual escreve: “Alguns se gloriam dos vícios. Pensas que alguém que coloca os males entre as virtudes é alguém que cogita de cura? Por isso o quanto possas, interroga a ti mesmo. Primeiro, desempenhe o papel do acusador, depois o do juiz e só depois o de advogado de defesa. De vez em quando, condena-te a ti mesmo. Adeus”:
É notório como Sêneca aplica rigidamente o preceito pitagórico de avaliar por três vezes as ações diárias antes de dormir: como acusador, como juiz e como advogado. Como esclarece Hans-Josef Klauck (opus cit., cap. V.B.5.b, pág. 133), comentando precisamente sobre essa carta de Sêneca, “[O] lugar em que isso ocorre é (…) a consciência”.
A diferença entre Paulo e Sêneca está em que, para Sêneca, o próprio indivíduo emite o julgamento, ao passo que, para Paulo, o julgamento provém de Deus. A pergunta que podemos fazer é esta: Se o julgamento provém de Deus e se esse julgamento pode diferir daquele que a pessoa, pelo exame de consciência, decretaria sobre si mesma, de que serve o exame de consciência?
A resposta da Igreja foi simples: ela definiu a consciência como a Vox Dei, a voz de Deus. É como se a consciência, ao avaliar nossas ações diárias, tivesse dentro de si o Código divino de conduta. Essa solução é corroborada também pela doutrina espírita, mediante a resposta que os espíritos dão às questões 836 e 621 do Livro dos Espíritos. Com efeito:
q. 836. O homem tem o direito de pôr entraves à liberdade de consciência?
R.: Não mais do que à liberdade de pensar, porque somente a Deus pertence o direito de julgar a consciência. Se o homem regula, pelas suas leis, a relação de homem para homem, Deus, por suas leis naturais, regula as relações do homem com Deus.
Leis naturais são as leis de Deus, as quais incluem as leis naturais propriamente ditas, conforme o entendimento humano corrente, ou seja, as leis físicas da Natureza, mas também incluem as leis morais, aquelas que regem as relações do homem com Deus. Pela resposta, somente a Deus cabe o direito de julgar. Entretanto, observe a questão 621:
q. 621. Onde está escrita a lei de Deus?
R.: Na consciência.
O que disse acima sobre o código divino de conduta implícito em Paulo e a Vox Dei da tradição cristã é precisamente o que Kardec esclarece com o fato de a lei de Deus estar na consciência (vox Dei). Tanto a tradição católica como a doutrina espírita proclamam a mesma conciliação entre Paulo e Sêneca no que tange ao exame de consciência. Isso, porém, é claramente uma herança pitagórica.
Embora o exame de consciência seja um aspecto particular da ética ocidental, ele é a evidência cristalina do quão profundas são nossas raízes greco-latinas remoldadas pela tradição judaico-cristã.
Vi uma vez um vídeo em que um professor se escandalizava com um comentário de outro professor que defendia a nossa herança cultural greco-latina contra o relativismo cultural (por que não dizer: neomarxista?). O professor que se escandalizou debochou do fato de o seu colega ter feito referência a Homero. Ele debochou sob a alegação de que Homero era um passado remoto. Em sua ignorância, ele não enxergava, dentro de si mesmo, o quanto de Homero havia na sua própria cultura, mas o via apenas como uma simples curiosidade literária e histórica. É essa ignorância que domina a cabeça de muita gente e de forma tão destruidora que muitos consideram como fascismo a luta desesperada de alguns países europeus, como a Polônia e a Hungria, contra a destruição de sua própria identidade cultural básica. Quem em sã consciência debocha de Homero?
A Civilização Ocidental está se suicidando, ou melhor, está sendo morta por filhos que não conhecem a própria mãe. É hora de fazermos um exame de consciência cultural. E que Deus tenha piedade de nós.
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