PLATÃO: CONHECIMENTO E OPINIÃO
(Rodrigo Peñaloza, 20-fev.-2015)
Platão, na República, V, 479d-480a, nitidamente opõe conhecimento ou γνῶσις (pronuncie {gnósis}) à ignorância ou ἀγνωσία (pronuncie {agnossía}) e à opinião ou δόξα (pronuncie {dóksa}):
“Por conseguinte, dos que contemplam as muitas coisas belas — não vendo o belo em si nem sendo capazes de seguir a outro que para junto dele conduza — e [contemplam] todas as coisas justas — não vendo a justiça em si — e, desse modo, todas as coisas, dizemos que opinam sobre tudo e que desconhecem aquilo sobre o que opinam”.
Para ele, a opinião é algo intermédio entre o conhecimento e a ignorância. Para vários outros filósofos posteriores, de Aristóteles a Tomás de Aquino a Kant, a opinião tem sido definida como aquele discurso sujeito à mudança ou à crença dúbia sobre algo, sem fundamento racional [vide, e.g., Abbagnano, Dicionário de Filosofia, (1982), pp. 699–700, vocábulo “opinião”]. Seja como for, a ignorância e a opinião são claramente a manifestação da ausência de reflexão profunda sobre a natureza mesma daquilo sobre o que se opina ou do que se ignora.
O conhecimento, portanto, só pode ser alcançado mediante a reflexão filosófica profunda sobre a natureza do objeto de estudo. O papel da Educação na aquisição desse conhecimento tem mais a ver com o modo pelo qual o indivíduo é capaz de adquirir o conhecimento e menos com o conhecimento per se. A Educação deve fornecer ao indivíduo as ferramentas mentais para a busca do conhecimento e não a plenitude do conhecimento.