Rodrigo Peñaloza
2 min readApr 6, 2016
Academia de Platão. Mosaico de Pompéia, circa século I E.C.

PLATÃO: CONHECIMENTO E OPINIÃO
(Rodrigo Peñaloza, 20-fev.-2015)

Platão, na República, V, 479d-480a, nitidamente opõe conhecimento ou γνῶσις (pronuncie {gnósis}) à ignorância ou ἀγνωσία (pronuncie {agnossía}) e à opinião ou δόξα (pronuncie {dóksa}):

Por conseguinte, dos que contemplam as muitas coisas belas — não vendo o belo em si nem sendo capazes de seguir a outro que para junto dele conduza — e [contemplam] todas as coisas justas — não vendo a justiça em si — e, desse modo, todas as coisas, dizemos que opinam sobre tudo e que desconhecem aquilo sobre o que opinam”.

Para ele, a opinião é algo intermédio entre o conhecimento e a ignorância. Para vários outros filósofos posteriores, de Aristóteles a Tomás de Aquino a Kant, a opinião tem sido definida como aquele discurso sujeito à mudança ou à crença dúbia sobre algo, sem fundamento racional [vide, e.g., Abbagnano, Dicionário de Filosofia, (1982), pp. 699–700, vocábulo “opinião”]. Seja como for, a ignorância e a opinião são claramente a manifestação da ausência de reflexão profunda sobre a natureza mesma daquilo sobre o que se opina ou do que se ignora.

O conhecimento, portanto, só pode ser alcançado mediante a reflexão filosófica profunda sobre a natureza do objeto de estudo. O papel da Educação na aquisição desse conhecimento tem mais a ver com o modo pelo qual o indivíduo é capaz de adquirir o conhecimento e menos com o conhecimento per se. A Educação deve fornecer ao indivíduo as ferramentas mentais para a busca do conhecimento e não a plenitude do conhecimento.

Rodrigo Peñaloza
Rodrigo Peñaloza

Written by Rodrigo Peñaloza

PhD in Economics from UCLA, MSc in Mathematics from IMPA, Professor of Economics at the University of Brasilia.

No responses yet