PREÇO PLENO
O livro Universal Economics, de Armen Alchian e William Allen, traz um glossário no final que é muito interessante. A seguir, temos o conceito de preço pleno (full price).
Full price: the money price of a good or service plus all other costs incurred in making the purchase, such as time, inconvenience, and the like.
O preço P que vemos nos gráficos elementares de oferta e demanda não é o preço de etiqueta do bem, ou seja, aquele valor monetário efetivamente pago ao vendedor. Se você paga $10 por um produto, mas se o tempo de espera na fila ou os custos de busca (search costs) custaram-lhe $5, o preço P que você pagou não foi $10, mas $15. Do ponto de vista econômico, o preço correto pago pelo consumidor, o preço de demanda, inclui o valor monetário de todos os sacrifícios incorridos na realização do ato da compra. Esse sacrifícios podem englobar custos de busca, de barganha, de informação assimétrica, de espera etc. Em um mercado de competição imperfeita, no qual a receita marginal é relevante para os ofertantes, a ideia de preço pleno é muito significativa, o que mostra que, ao fazer trabalhos econométricos com base em preços coletados, o economista deve ter muito cuidado para não negligenciar as outras componentes do preço pleno. Por exemplo, a teoria diz que taxar rendas puras não causa distorções alocativas. Você toma isso como regra de bolso, mas se esquece de que a teoria também traz o conceito de quase-renda. O que à primeira vista parece renda pura pode ser quase-renda e, portanto, corresponde a um sacrifício. De forma similar, sob seleção adversa temos uma alocação second best quando o agente contratado para produzir é do tipo ruim (com custo marginal maior), de modo que a regra de preço é:
preço = custo marginal + distorção
Ora, essa distorção é o preço-sombra da elicitação da informação privada e, por conseguinte, também corresponde a um sacrifício e faz parte daquilo que Roger Myerson chama de custo marginal virtual, que inclui os shadow-prices de outros sacrifícios que não apenas o operacional.
Nunca tome o que você aprendeu nos livros-textos como regra de bolso para raciocinar como economista. Há muito mais na Teoria Econômica que você deve acrescentar aos instrumentos elementares e aos modelos.