Theorema
Theorema, do grego θεώρεμα (theórema), primeira pessoa do singular do indicativo presente médio-passivo do verbo θεωρέω, “eu contemplo” (*). O verbo está na voz média e, portanto, como obviamente não denota uma ação reflexiva, denota então uma ação por interesse próprio, ou seja, significa algo como “eu contemplo porque assim decido e por interesse próprio”.
Da mesma raiz provêm as nossas palavras theatro e theoria, cuja grafia, graças à estultícia da elite intelectual tupiniquim e para emburrecimento de Pindorama, foi deturpada pela extinção do th.
É após essa expressão, theorema, que os gregos escreviam uma proposição da Geometria, como se o enunciado da proposição devesse realmente, por sua beleza e verdade, ser contemplado, como se contempla maravilhado uma obra-prima da Natureza nunca antes contemplada.
A Matemática é a mais humana das ciências e também a mais espiritual. Ela não precisa nada além da própria mente, esse locus intangível que nos define. Quem vê na Matemática um campo árido e desumano simplesmente não entende o que é Matemática e não me surpreenderia de que também descresse da Humanidade.
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(*) Em Grego, como em Latim, o verbo é referido pela primeira pessoa do singular do presente do indicativo ativo, não pelo infinitivo.