VAE IUDICIBUS

Rodrigo Peñaloza
2 min readNov 24, 2023

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Preso como "terrorista" apenas por estar presente na manifestação de 8/1, sem provas formais de qualquer ato de vandalismo, Cleriston Pereira da Cunha, paciente médico de comorbidades graves, teve seu pedido de prisão domicilar negado duas vezes e outras vezes ignorado por Alexandre de Moraes. Foi proibido, inclusive, de comparecer a duas consultas médicas agendadas, mesmo tendo necessitado de assistência médica 37 vezes nos 9 meses em que permaneceu recluso. Morreu na prisão. Deixa esposa e duas filhas. Alexandre de Moraes paga com a vida alheia o seu ardor de “mostrar quem manda”.

Enquanto pais de família morrem na prisão, sem provas, e outros são condenados a 17 anos de prisão por crime de baderna - que Alexandre de Moraes e seus pares do STF retoricamente transformam em “golpe à democracia” -, traficantes são soltos e suas esposas conversam oficialmente com autoridades do governo Lula, como se isso fosse normal. Já as esposas dos presos políticos (é isso que de fato são, presos políticos) permanecem ignoradas pela Justiça e pela imprensa militante, particularmente a Globo, finalmente agraciada com a fatia maior da mamata propagandística de Lula.

Moraes suja as mãos. Isso, per se, já é grave. Entretanto, há um lado sombrio, que é o aplauso das multidões que aprovam esses abusos e se regozijam cada vez que seu fanatismo político se vê justificado pela máscara dos subterfúgios jurídicos de que os ministros militantes do STF se valem em sua práxis político-ideológica. Escolhem o ímpio usurpador. O juiz que abusa de seu poder também terá de prestar contas à Justiça Divina. Alexandre de Moraes pensa que é o senhor da justiça, mas se engana. O Senhor da Justiça é Outro. Às multidões que aprovam seus desmandos no silêncio de suas lutas de consciência e igualmente subjugam o senso moral de justiça às suas conveniências ideológicas - essas mesmas que, diante da barbárie do Hamas, subjugam a compaixão às mais efêmeras conveniências - vai o meu lamento. Disso também prestarão contas.

Quem escolheu as circunstâncias da tragédia foi Alexandre de Moraes. Os demais “ministros” lavaram as mãos. E todos reconduziram ao Poder um corrupto.

Escândalos hão-de vir, mas ai daqueles por quem os escândalos vierem. E ai daqueles que lavam as mãos e dos que gritam “Barrabás!”.

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Rodrigo Peñaloza
Rodrigo Peñaloza

Written by Rodrigo Peñaloza

PhD in Economics from UCLA, MSc in Mathematics from IMPA, Professor of Economics at the University of Brasilia.

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